Nesta quarta-feira (20), acontece mais uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). O mercado espera uma sexta redução consecutiva de 0,50 ponto percentual na Selic. Se confirmado, a taxa básica de juros passaria de 11,25% para 10,75% ao ano.
A Selic exerce um impacto direto tanto na economia quanto na população, influenciando o consumo, o crédito e os investimentos de forma direta e indireta. O indicador também é usado para corrigir parte da dívida pública.
Em entrevista para o Portal iG, o professor Renaldo Gonçalves , do Departamento de Ciências Atuariais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) acredita que para a Selic impulsionar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), ela deveria ficar, em momentos de baixa inflação, com taxas menores que a do crescimento do PIB.
“A queda da Selic apenas indica que "se a inflação estiver controlada” ela manterá a tendência. Os estímulos reais deverão vir da taxa de investimento, que é muito baixa e nesse momento, o governo utiliza a mesma receita do passado: usar as estatais e subsídios para investir e aumentar a taxa do PIB”, defende.
“Esse recurso é artificial e tem limites determinados de durabilidade no tempo, ou seja, os investidores tentarão usar pressão política para obter subsídios e as estatais têm recursos finitos. Na prática, a estratégia funciona no curto prazo, mas, no médio, gera inflação”, acrescenta.
“As medidas para manter e ampliar o crescimento econômico estão no campo da reforma tributária, mas há outras institucionais como, segurança jurídica, ambiente institucional favorável para o surgimento e crescimento das empresas (desburocratização)”, finaliza.
Copom
O Copom é responsável por ajustar a cada 45 dias, decidindo sobre aumentos, reduções ou manutenção da Selic. O BC utiliza o sistema para influenciar o ritmo de crescimento e alcançar metas relacionadas à inflação, sendo a variável central da política monetária. E quando a economia apresenta um desempenho fraco e não há riscos inflacionários, é possível reduzir a taxa de juros, estimulando o consumo e os investimentos da população.
As metas de inflação fazem parte do "tripé macroeconômico", adotado desde o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o FHC, e considerado chave para o bom andamento da economia brasileira. Além das metas para a Selic, o tripé precisa de câmbio flutuante e superávit primário para funcionar.
A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) espera mais um corte na Selic de 0,50 p.p. para a próxima reunião do Copom e estima que o semestre deve encerrar com a taxa em 9,75% a.a.. Segundo a análise, o comunicado e a ata do Copom devem atualizar fatores que compõem o balanço de risco para a inflação.
“Embora persista uma desancoragem significativa das expectativas inflacionárias no horizonte relevante para a política monetária e tenham surgido algumas preocupações com as medidas que agregam os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, ainda há espaço para 3 cortes consecutivos de −0,50 p.p. na meta Selic”, defende Everton Gonçalves, superintendente da Assessoria Econômica da associação.
O especialista acrescenta que não houve, desde janeiro, alterações significativas no cenário que justificassem uma alteração na expectativa de evolução apresentada na ata da reunião, que manteria o aperto monetário necessário para que a inflação e as expectativas convergissem à meta de 3,0%.
“Como está na mesa a discussão de uma mudança de rota nos ajustes na taxa Selic, é essencial que as motivações para alterar ou não as diretrizes sejam comunicadas. Uma eventual mudança na orientação futura provavelmente seria interpretada como uma deterioração no cenário básico’, ressalta.
Política Monetária e Política Fiscal
No Brasil, a Selic desempenha um papel fundamental na política monetária. O Banco Central utiliza esse Sistema para influenciar diretamente o ritmo de crescimento e alcançar metas relacionadas à inflação, sendo a variável central da política monetária. E quando a economia apresenta um desempenho fraco e não há riscos inflacionários, é possível reduzir a taxa de juros, estimulando o consumo e os investimentos da população brasileira.
Já a política fiscal refere-se diretamente às decisões do governo relacionadas aos gastos públicos, arrecadação de impostos e gestão da dívida pública. A ideia é buscar o equilíbrio das contas públicas, promover o desenvolvimento e garantir a estabilidade financeira.
Assim como a inflação, espera-se que o dólar também se valorize em relação ao real. Taxas de juros elevadas têm o poder de atrair investidores estrangeiros, pois investimentos de renda fixa são considerados mais seguros e oferecem retornos superiores aos investimentos de renda variável. Esse cenário geralmente resulta em uma valorização da moeda estrangeira em relação à moeda local
PIB
O Brasil fechou 2023 com crescimento acumulado de R$ 10,9 trilhões, ou 2,9%, segundo dados do começo de março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O valor é três vezes maior que o previsto no início do ano passado. A atividade agropecuária cresceu 15,1% de 2022 para 2023, influenciando no desempenho.
Fonte: Economia IG